Verbo Vivo

  Imagine alguém esperar durante vinte e cinco anos pelo cumprimento de uma promessa e, mesmo assim, após vê-la realizada, ser chamado a sacrificar justamente aquilo pelo que tanto aguardou. Essa é a história do patriarca Abraão. Após deixar a casa de seus parentes e dirigir-se a uma terra distante, Deus fez promessas grandiosas a Abraão. No entanto, a rotina do dia a dia, a mudança de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, fizeram o tempo passar quase de forma imperceptível para a família. Ao caírem em si, tanto Sara quanto Abraão perceberam que seus corpos já não sustentavam mais a possibilidade de gerar um filho. Abraão tinha cem anos e Sara, noventa. O que poderia nascer do ventre de uma anciã? Entretanto, por um milagre do Deus que havia feito a promessa, nasceu o filho tão esperado, chamado Isaque. Agora, o coração e a casa de Abraão e Sara estavam completos. Deus havia coroado a vida do casal e cumprido exatamente o que prometera. Diante de todo o percurso até ter o j...

  É fácil perceber que vivemos um clima de tensão no ar. Nações se rebelam contra outras nações. Guerras se arrastam por anos. A fome atinge centenas de milhares de pessoas ao redor do mundo. E o ser humano, insensível às vozes dos desamparados e famintos, vive como se nada estivesse acontecendo. A grande máxima da nossa época é que as conquistas pessoais e megalomaníacas estão acima de qualquer projeto, mesmo que seja para salvar a vida de outra pessoa. O consumismo exacerbado e a luta pela sobrevivência na sociedade da ostentação e do luxo têm nos levados ao fim da linha. Entretanto, não temos a noção exata desse fato. Na parábola das dez virgens, registrada no Evangelho de Mateus 25:1-13, Jesus apresenta dois grupos de pessoas: o primeiro, formado por cinco virgens prudentes, e o segundo, por cinco virgens imprudentes. As prudentes saíram ao encontro do noivo com lâmpadas acesas e com azeite de reserva em suas vasilhas. As imprudentes também levaram as suas lâmpadas acesas, ...

  Qualquer palavra ou tentativa de dimensionar o amor de Deus se perde e se torna sem sentido diante da profundidade, da extensão e do altruísmo revelados, quando Ele entregou o seu próprio Filho para que o ser humano pudesse recuperar a comunhão com Ele. O amor de Deus não se limitou a abrir mão da posição de Jesus para que Ele se encarnasse, vivesse entre nós e assumisse a responsabilidade pelos nossos pecados. O apóstolo Paulo destaca que Jesus foi além, ao aceitar a missão de descer até a terra. Em Filipenses 2:8 lemos: “E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” . Ou seja, se não bastasse assumir a forma humana com todas as suas limitações, Jesus ainda se humilhou a si mesmo. Ao buscar compreender o amor de Deus, o evangelho de João 3:16 declara: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito [...]” . A única forma que João encontrou para se referir a esse amor foi afirmando que Ele amou “de ta...

  Vivemos quase constantemente rodeados pelo medo. Temos medo de perder o emprego, de ser roubados, da violência que está à espreita a todo momento. Em outras palavras, parece que temos medo até de viver. Não sem motivo, muitas pessoas que possuem condições financeiras contratam serviços e compram uma série de ferramentas e itens que prometem assegurar que nenhuma tragédia que as rondas chegarão à sua casa ou à sua família. Entretanto, as estatísticas mostram que os efeitos do medo atingem homens e mulheres, jovens e crianças, pobres e ricos. Ou seja, ninguém está imune a enfrentar a terrível sensação de ficar paralisado pelo medo. O povo de Israel também experimentou esse sentimento que atingia a sua alma e paralisava a sua vida. No livro do profeta Isaías 43:1, Deus precisou motivar o povo e mostrar que, embora o medo seja recorrente, ele não deve paralisar aqueles que confiam n’Ele. Por isso, declarou: “Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.” Mas ...

  Uma das histórias mais surpreendentes e belas da Bíblia foi registrada nos evangelhos de Mateus e Marcos. Tomando como base o Evangelho de Marcos 7:25-30, vemos Jesus se deparar com uma cena que, à primeira vista, demonstra certa dureza em seu tratamento para com uma mulher. Imagine alguém com um problema grave na família, em busca de uma saída para a sua dor e, em vez de acolhimento, receber uma palavra que, de certo modo, poderia desmotivar e causar ainda mais sofrimento. Trata-se da mulher grega, de nacionalidade siro-fenícia. Ela havia acompanhado a multidão que seguia Jesus e, em determinado momento, conseguiu se aproximar dele para expor o que afligia sua alma. Sua filha estava em casa, possessa por demônios. Na primeira tentativa de chamar a atenção de Jesus, essa mulher recebeu como resposta a seguinte afirmação: “[...] não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães”. Você consegue imaginar o impacto de uma resposta dessas para alguém que estava com a filha comp...

  Em um mundo em constante ebulição como o que vivemos, é natural que as pessoas não tenham tempo para pensar e refletir sobre a eternidade. A preocupação se restringe ao hoje, ao agora. Afinal, acreditamos não ter tempo a perder. São muitas as decisões importantes a serem tomadas, sejam elas financeiras, familiares, profissionais, emocionais etc. Em síntese, estamos muito ocupados. Essa correria desenfreada não nos permite enxergar que existe um relógio que, desde o dia em que nascemos, continua em perfeito funcionamento: o relógio de Deus, que define a duração das nossas vidas. É possível, a cada instante, sentir o tic... tac... tic... tac... ecoando em nosso desfavor. Em alguns momentos do passado, Deus revelou a Seus servos o pulsar dessa contagem que definiria o futuro da humanidade. Um exemplo é o caso da destruição de Sodoma e Gomorra, registrado em Gênesis 18:24-32. Deus chamou Abraão e mostrou que a contagem regressiva dessas duas cidades havia chegado ao limite. Pesa...

  O medo nos faz retroceder, parar, correr, paralisar, perder e, sobretudo, nos torna incrédulos quanto ao cumprimento das promessas de Deus em nossas vidas. Somos provados quanto à presença ou não do medo diante das circunstâncias mais difíceis da vida, quando as coisas apertam e não acontecem da maneira que havíamos planejado. Também somos testados para saber se, em nosso coração, não existe incredulidade ao confrontarmos o inimigo que deseja ardentemente nos destruir — e se conseguimos permanecer firmes e inabaláveis. Não sentir medo quando tudo vai bem não significa muito; porém, Deus nos prova quando os adversários nos assolam nos momentos mais solitários da caminhada. É justamente quando nos sentimos desamparados e sozinhos neste mundo cruel, quando parece que fomos lançados na imensidão do universo sem qualquer proteção, que o Senhor deseja olhar em nossos olhos e ver brilhar a fé que vence todos os desafios. Qual tem sido a sua reação quando o mundo desaba ao seu redor?...

  “Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” (Hebreus 4:16).   A maior reclamação que ouvimos no meio do povo é a de que não recebe nada de Deus. As igrejas estão superlotadas de pessoas buscando a sua bênção; no entanto, apesar dessa multidão avassaladora que invade os templos, o número de pessoas que realmente recebem algo de Deus é cada vez menor. Surge, então, a questão: de quem é a falha? De Deus, que não responde, ou do povo, que não busca como deve? Quem tem falhado nessa história? O escritor da carta aos Hebreus nos dá uma pista de onde está o problema, pois nem sempre apenas buscar resulta na realização do pedido. Veja o primeiro verbo do versículo em destaque: “chegar”. Isso indica uma ação de quem pede. Se não estamos recebendo, é porque ainda não chegamos. Basta participar de uma reunião em qualquer templo religioso para entender o que o autor sagrado e...

  Esperar não é uma tarefa fácil . Gostamos que as coisas se resolvam com um clique, um telefonema, um e-mail, uma mensagem. Não gostamos de perder tempo em nenhuma circunstância. Os grandes economistas e estadistas já gravaram em nossas mentes que perder tempo é perder dinheiro. Como ninguém gosta de perder dinheiro, corremos de um lado para o outro, mesmo quando essa correria não nos leva, de fato, a lugar algum. Ainda assim, gostamos de correr — e, de preferência, longas distâncias, pois concluímos que quanto mais corremos, mais rapidamente alcançaremos objetivos grandiosos e duradouros. Entretanto, o conselho do profeta Isaías vai na contramão dos ensinamentos da sociedade moderna. Para Deus, o que importa não é o quanto corremos ou caminhamos, mas a forma como fazemos isso, para que alcancemos as metas certas. Por isso, o profeta nos aconselha a esperar no Senhor , o que implica aguardar o tempo de Deus para tomar decisões. Deus não força ninguém a seguir as orientações c...

  “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” (I João 1:9).   Confissão: um dos aspectos mais importantes e, ao mesmo tempo, mais desafiadores da vida cristã. Confessar envolve humildade, entrega, devoção e reconhecimento. Acima de tudo, é reconhecer que Deus ocupa, de fato, o lugar de Senhor na vida daquele que confessa. A confissão não se resume a palavras ou gestos externos, mas reflete a atitude de um coração quebrantado, disposto a se render completamente ao seu Senhor. As palavras, nesse momento, devem fluir como um rio perene que segue em direção ao seu destino, contornando obstáculos, porque sabe que precisa alcançar seu objetivo. E qual é esse objetivo? Escancarar o nosso ser sem reservas diante do Pai. Não deve haver espaços ocultos ou situações escondidas quando nos aproximamos dele para confessar. Confessar é desnudar-se diante daquele que tudo vê. Ao decidir confessar, o homem es...

  “Quem dizem os homens que eu sou?” Essa pergunta feita por Jesus há muito tempo, à primeira vista, parece ter uma resposta simples e até lógica. Centenas de pessoas testemunharam Jesus realizar inúmeros milagres diante de seus olhos: mortos foram ressuscitados, cegos recuperaram a visão, pães foram multiplicados, surdos voltaram a ouvir e mudos voltaram a falar. Diante disso, responder parecia algo corriqueiro. No entanto, ainda hoje essa pergunta continua sendo um desafio, pois carrega em si uma questão ainda mais profunda: quem é Jesus para cada um de nós? A resposta que damos quando somos questionados sobre quem é Jesus revela muito sobre a intimidade e o relacionamento que temos com Ele. Foi por isso que, enquanto os demais discípulos não compreendiam plenamente o que o Mestre dizia, Pedro respondeu com convicção: “Tu és o Cristo.” Com essa declaração, ele demonstrou ter entendido o ministério, a missão e a identidade de Jesus. Que saibamos receber e entender a verda...