Quem Fica Quando a Multidão Vai Embora?
Algumas questões na vida cristã devem ser
recorrentes para que tenhamos certeza do que tem nos motivado na caminhada com
Jesus. Parece fundamental sabermos, por exemplo, por que escolhemos segui-lo.
Será que o seguimos por não termos outras opções? Por medo? Por interesse? Por
vaidade? Por motivações externas? Não sei... Poderia citar uma quantidade
considerável de motivos que nos levam a seguir o Mestre.
Esses motivos podem estar ligados a status,
reconhecimento, fama ou até mesmo à questão financeira. As razões que têm
levado o povo a procurar o Senhor são as mais variadas. Mas, dependendo dessas
razões, em vez de trazer esperança e consolo aos corações, essa busca acaba
gerando tristeza e decepção, pois muitas vezes não se encontra o que realmente
se procura.
Veja: o próprio Jesus passou por problema
semelhante quando esteve aqui na Terra. Ao observar a multidão que o seguia,
Ele identificou diferentes motivações que levavam aquelas pessoas a procurá-lo.
Seria mais cômodo para Jesus pensar que todos os que o seguiam tinham como
propósito ouvir e obedecer às suas palavras, mas Ele fez questão de identificar
entre a multidão aqueles que o seguiam apenas por interesses pessoais e
passageiros, como, por exemplo, saciar a fome de pão.
Havia também os religiosos interessados em escutar
as palavras de Jesus apenas com o objetivo de encontrar alguma contradição em
relação às leis de Moisés, para acusá-lo de heresia. E, na mesma multidão,
estavam os que desejavam obter lucros com a passagem de Jesus pelas cidades.
Imagine: uma multidão seguindo o Mestre — quanto não se poderia lucrar vendendo
todo tipo de bugiganga aos fiéis?
Então, Jesus iniciou seu discurso de forma firme e
chama a multidão a um compromisso mais profundo, que ia além da mera
formalidade religiosa e dos interesses materiais e terrenos. A multidão é
desafiada a uma vida cristã cujo objetivo é um relacionamento íntimo e
indissociável entre a prática e a teoria. Jesus não estava preocupado com o
número de seguidores; Ele sabia que, como se aproximava o fim do seu ministério
aqui na Terra, era fundamental que houvesse uma definição clara sobre quem
realmente estava interessado na vida eterna e quem buscava apenas colher frutos
materiais de uma fé aparente.
Após discursar sobre uma intimidade que ia além do
entendimento humano — uma realidade espiritual muito mais profunda —, Jesus se
viu sozinho, cercado apenas pelos seus discípulos.
— Onde está a multidão que me seguia? — perguntou
Jesus.
Onde estão aqueles que, com tanto fervor, enchem as
igrejas quando se prega uma mensagem de prosperidade, mas que fogem diante de
uma mensagem de compromisso e intimidade com o Espírito Santo de Deus? A
mensagem os ofendeu? Ou não gostaram de conhecer a verdadeira realidade do
mundo espiritual? A multidão achou o discurso de Jesus muito duro; queriam algo
mais suave, que não ofendesse seus desejos terrenos e mesquinhos.
Muitos, ao longo dos anos, têm se decepcionado com
a verdadeira Palavra de Deus, porque acreditavam que o plano do Senhor para
suas vidas dizia respeito apenas aos bens terrenos. Contudo, ao ouvirem que
existe uma vida eterna muito mais importante do que a presente, saem tristes da
presença do Senhor e concluem: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?”.
Jesus não se intimidou com a multidão que ia
embora; pelo contrário, perguntou aos próprios discípulos:
— E vós, não quereis ir também com eles?
Então Pedro tomou a palavra e expressou o
sentimento comum aos discípulos: “Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor,
para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” (João 6:68). Pedro
estava dizendo ao Senhor: “Tu tens aquilo que mais desejamos e precisamos; por
isso, não podemos correr ou ir para outro lugar. O que mais anelamos, o Senhor
tem — as palavras da vida eterna.”
O que impulsiona você a seguir Jesus? O que há
n’Ele que o atrai de forma sobrenatural? Aqueles que o seguem apenas por bens
materiais ou por desejar uma vida tranquila, livre de problemas e lutas, ainda
não compreenderam o verdadeiro sentido do cristianismo.
Por isso, façamos como Pedro e declaremos ao
Senhor, mesmo diante das tribulações e apertos da vida: “Para quem irei,
Senhor? Só Tu tens as palavras da vida eterna.”
Texto: Marcos A
L Pereira
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