Entre ondas, ventos e tempestades!
Somos desafiados todos os dias por
problemas pequenos, médios, grandes, pesados, leves, imperceptíveis,
insuportáveis, tangíveis e intangíveis. Muitas vezes, esses entraves nos fazem
parar, respirar, esperar, sentir, voltar, ir, sair e, por fim, perder a direção
— desamparados, simples seres humanos, falíveis humanos.
Não é novidade para ninguém que, ao nos sentirmos cercados, somos motivados a
tentar fugir de qualquer maneira, a qualquer preço. Às vezes, tomamos a atitude
mais fácil; outras, as mais difíceis. Em alguns momentos, precisamos de ombros
para chorar, ouvidos que escutem nossas lamúrias e reclamações, e até de
pessoas que nos compreendam e nos mostrem a melhor solução para aquilo que
inquieta a alma. Mas talvez o nosso pior fantasma seja nos sentirmos sozinhos
no meio do vendaval.
A tempestade tem o poder de trazer
medo, desespero, angústia, solidão, pavor e até o cheiro assustador da morte.
Quem se sentiria seguro no meio do mar, sabendo que as ondas crescem cada vez
mais e que o próprio capitão — homem experiente, conhecedor das várias facetas
do mar — perdeu completamente toda expectativa e esperança de salvação? Ou pior
ainda: e se, ao olhar para o capitão da embarcação, o víssemos dormindo,
sossegado e tranquilo, enquanto o navio estivesse indo a pique?
Os gritos diante de uma situação
catastrófica como essa certamente seriam ouvidos por outros navios que
transitassem por aquelas águas, ou, quem sabe, pelos moradores de alguma ilha
que, por acaso, estivesse no caminho daquela embarcação. Esse quadro descrito
não é uma invenção.
Um dia Jesus resolveu atravessar o
lago. Prontamente arrumaram um barco para o Mestre, embarcaram com Ele e
começaram a navegar em águas calmas e tranquilas. Mas, de repente, o céu
escureceu, as ondas começaram a mudar, os ventos sopravam com mais força, e o
barquinho passou a sacolejar de um lado para o outro, dando aos ocupantes a
impressão de que afundaria.
O que me intriga nessa passagem é o
fato de que muitos daqueles homens tinham sido pescadores antes de se
encontrarem com Jesus. Como pode um pescador ter medo da água? Será que eles
nunca haviam enfrentado uma tempestade na época em que viviam da pesca?
Certamente, sim. Então, qual era o problema com aquela tempestade específica?
A verdade é que a quantidade de
problemas que enfrentamos não nos torna peritos em resolvê-los. Alguém disse
certa vez que, quando temos todas as respostas para os questionamentos da vida,
alguém vem e muda a pergunta. E, sendo a pergunta totalmente diferente, é como
se estivéssemos começando tudo de novo — e precisamos buscar novas respostas.
Os discípulos entendiam sobre o mar, as
ondas e os ventos, mas, naquele dia, algo diferente acontecia no barco. O mar
havia mudado o seu jeito de se apresentar para aqueles antigos pescadores.
Ao se verem em apuros, sem saber o que
responder diante da força da natureza, os discípulos só encontraram uma saída
para se sentirem seguros: procurar o capitão do barco.
Depois de uma busca minuciosa por todos
os compartimentos da embarcação, eis que o encontram dormindo tranquilamente na
popa do barco. Indignados, os discípulos voltaram-se para o Mestre e disseram:
“Mestre, não te importas que pereçamos?” (Marcos 4:38).
A pergunta foi direta, sem rodeios.
Eles estavam na iminência da morte, passando pelo vale. Na concepção dos
discípulos, era apenas uma questão de tempo até que o barco se afundasse e
todos morressem. Não viram outra opção senão censurar Jesus: “Como é, Senhor? O
barco está afundando e o Senhor tirando uma soneca? Vamos, faça alguma coisa,
interfira de alguma maneira!”
O desespero tomou conta daqueles homens
em meio ao mar furioso.
A questão se resume ao seguinte: o que temos feito diante dos mares revoltos à
nossa volta? Sacudimos Jesus, cobrando uma solução imediata e satisfatória, ou
nos acalmamos e esperamos Ele agir? O desespero nunca é a melhor atitude, mesmo
que pareça que o barco realmente vá afundar.
Lembre-se sempre: em qualquer
tempestade, o capitão Jesus nunca abandona a embarcação — e mais ainda, Ele tem
todo o poder sobre o vento, as ondas e a tempestade.
Texto: Marcos A L Pereira
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