O que é o homem mortal?
“Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites?” (Salmos 8:4).
O homem sente prazer em ser considerado
insubstituível e indispensável. Mais do que nunca, muitos da nossa geração se
comportam como verdadeiros semideuses. Nos olhamos no espelho e nos enxergamos
incrivelmente poderosos e maravilhosamente suficientes. Milhares de pessoas ao
redor do mundo, não poucas vezes, se perguntam: "para que preciso de Deus?
O que Ele poderia fazer por mim nas atuais circunstâncias?” Tenho tudo de que
necessito. Para muitas pessoas, basta o estalar dos seus dedos e todos os seus
desejos se realizam, tal como acontece na ficção, no cinema. Somos a geração superpoderosa.
Ao olhar para as coisas que são criadas, o ser humano não consegue chegar à
outra conclusão senão a de que, ele realmente é autossuficiente, totalmente
independente. Em outras palavras: ele é o cara.
Infelizmente, um belo dia esse mesmo ser
humano é confrontado com a incapacidade em que a sua condição humana o
aprisiona. Ele chega à conclusão de que não consegue vencer o câncer, o mal de Alzheimer, a violência que
ataca de forma sorrateira e súbita, a dor da separação, a angústia e o
desespero. Esse mesmo homem que parecia dono de si e do universo sucumbe à sina
de todos os seus semelhantes. Ele não consegue vencer a morte dos seus amigos,
parentes, e mais grave ainda, não consegue escapar de seu próprio fim. Quando
esse momento chega, mesmo que seja de forma ainda tímida, o chão foge debaixo
dos pés do bem resolvido homem dono do mundo, e aí sim, ele passa a enxergar
que realmente não é nada, e que a única coisa que sobrará será o pó.
Para que tanto orgulho? Aonde se chegará com tanto desprezo ao
semelhante? De que adianta tanta arrogância? Nas palavras do salmista há uma
inquietação que não o deixa compreender por que o homem chegou neste estágio.
Por isso, ele interroga ao Senhor e quer entender “o que é o homem mortal para
que te lembres dele?”. Em outras palavras, o salmista queria entender onde
estava a importância deste ser que passa alguns anos sobre a terra, e parece
que nesse intervalo se sente maior que o próprio Deus. Na gíria dos nossos dias
dizemos que “a pessoa se sente a última bolacha do pacote”. E é exatamente isso
que o escritor sagrado está questionando. A questão é que sempre queremos nos
sentir acima de alguém ou de alguma coisa. O comando é sempre disputado a unhas
e dentes. Há uma corrida descomunal pelo leme do barco da vida, mas, nos esquecemos
que, ainda que consigamos segurá-lo, será apenas por um tempo. E ter o leme não
significa que temos o controle de todas as coisas.
Não há como fugir da nossa limitação. Limitação do tempo, das
nossas forças, da nossa disposição, da nossa lucidez e da nossa própria vida.
Chegará um tempo em que não teremos como seguir adiante, e neste momento, só
conseguiremos trazer à nossa memória aquilo que fizemos durante toda a nossa
vida. Não se sinta superior aos outros. Não pise no seu semelhante. Lembremos
sempre de nos fazer esta pergunta: quem somos nós para que o Senhor nos visite?
Somos pó e ao pó voltaremos. Durante esse intervalo, sejamos
manifestação da glória de Deus sobre a terra, pois somente a Ele pertencem a
glória, o louvor e o poder.
Texto: Marcos A L Pereira
Comentários
Postar um comentário